Dia do índio ou dos povos indígenas?
Ou melhor dos povos originários.
Guarani, Xavante, Ticuna, Pataxó, Yanomami e mais centenas de povos, etnias que vivem, sobrevivem no Brasil.
Talvez devêssemos concordar com Daniel Munduruku e mudar para Dia da Diversidade Indígena. E acredite, se não mudar a forma como educamos as crianças e jovens e nos reeducar para entender as necessidades e diversidade desses povos, passarmos a respeitar suas diferentes culturas e especificidades, inclusive de espaço, logo teremos de mudar para Dia da Memória Indígena.
Não conseguimos compreender a escolha destes povos em manterem-se longe dos
aglomerados urbanos, em suas aldeias, sem a necessidade de consumo e através da nossa ótica não indígena, sem buscar riquezas e bens.
E essa mudança na maneira de compreender vem da educação.
Quem de nós não pintou o rosto, fez cocar de cartolina e desenhos genéricos de ocas triangulares? Se não o fez ao menos viu em algum momento essa forma estereotipada de lembrar dos povos indígenas. Calma, você e eu não temos culpa. Nossos professores também não, pois as culturas dos povos originários sempre sofreram supressão afim de ser diluídas na sociedade e incluir esses povos na "civilização".
Desde 1967 a FUNAI, então recém criada, começou educar os indígenas os trazendo para a sociedade civilizada e tentando que esse processo de aculturamento os incluísse e estes deixassem para trás sua história e tradição. Ainda bem que não deu certo. Eles resistiram, e ainda resistem para poder existir. E a FUNAI não tem mais esta função, ao contrário.
Pense que não sabemos a origem da nossa cultura alimentar. Não sabemos que o contato com os povos originários nos permitiu, imigrantes, estrangeiros "prosperar" em suas terras. Aprendendo qual árvore utilizar como remédio ou alimento, como o mate - erva que mate e erva que não mate -, a versatilidade da mandioca, sem falar no deslocamento por trilhas e rios.
Para entender tudo isso, toda essa diversidade precisamos conhecer, ler, ouvir, dialogar. Leia e ouça Olívio Jekupé, Daniel Munduruku, Werá Jeguaka Mirim (Kunumi MC), Raoni Metuktire, David Kopenawa, Sônia Guajajara, Kaká Werá e outros.
Visite uma aldeia e conheça, com respeito e atenção, o modo de vida, as relações pessoais e sociais do local, se convidado, participe, dialogue, e quando não entender, dialogue mais.
O povo Guarani, por exemplo, tem muita paciência para explicar para nós Juruas (não indígenas) sua cultura, relação com a natureza e as pessoas, maneira de conexão com o divino e a influência e pressão externa que sofrem, seja no Jaraguá onde a especulação imobiliária os cerca ou no extremo sul da cidade onde o adensamento populacional cercou a terra indígena.
A visita em uma terra indígena será esclarecedora e um divisor de águas na sua maneira de entender e enxergar esses povos originários.
No começo eu disse "calma, não temos culpa", agora não é mais verdade. Você já tem incentivo suficiente para buscar mais informações e assim melhorar nossa relação com esses povos e cidadãos brasileiros.
Visite a Terra Indígena Tenondé Porã em Parelheiros no Polo de Ecoturismo de São Paulo, com extensão de 15.969 hectares é dividida por sete aldeias espalhadas pelo território: Krukutu, Tenondé Porã, Kalipety, Yrexakã, Tape Miri, Guyrapaju e Kuaray Rexakâ.
E Pepyta porã (fique bem).
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